"No centro, eles
[os pitagóricos] dizem, há fogo, e a Terra é uma das
estrelas, criando noite e dia pelo seu movimento circular em torno do
centro." Aristóteles - Sobre os Céus, Livro Dois, Capítulo 13
As razões para esta localização eram filosóficas, baseados nos elementos
clássicos, em vez de
científicos. O fogo era mais precioso que a terra na opinião dos pitagoreanos,
e por este motivo o fogo deveria estar no centro. Entretanto, o fogo central
não é o Sol. Os pitagóricos acreditavam que o Sol orbitava o fogo central junto
com tudo o mais. Aristóteles rejeitava este argumento e advogava o
geocentrismo.
Heráclides do Ponto (século IV a.C.) explicou o movimento diário aparente da
esfera celestial pela rotação da Terra.
Aristarco de Samos
A primeira pessoa a apresentar um argumento para o sistema
heliocêntrico, entretanto, foi Aristarco de Samos (c. 270 a.C.). Como Eratóstenes, Aristarco calculou o tamanho da Terra, e
mediu tamanho e distância da Lua e
do Sol, em um tratado que
sobreviveu à passagem do tempo. A partir de suas estimativas, ele concluiu que
o Sol era seis ou sete vezes mais largo que a Terra e portanto centenas de
vezes mais volumoso. Seus escritos sobre o sistema heliocêntrico se perderam,
mas alguma informação é conhecida a partir de descrições que sobreviveram e de
comentários de críticos contemporâneos, como Arquimedes. Já foi sugerido que seu cálculo do tamanho
relativo da Terra e o Sol levou Aristarco a concluir que fazia mais sentido que
a Terra estivesse se movendo do que o enorme Sol estar se movendo em seu
entorno. Apesar do texto original ter sido perdido, uma referência no livro
de Arquimedes, O Contador de Areias descreve outro trabalho de Aristarco
em que ele avançou uma hipótese alternativa do modelo heliocêntrico.
Escreveu Arquimedes:
O rei Gelon sabe que
'universo' é o nome dado pela maioria dos astrônomos à esfera ao centro da qual
está a Terra, e seu raio é igual à linha reta entre o centro do Sol e o centro da
Terra. É esta a noção comum que você ouviu dos astrônomos. Mas Aristarco
escreveu um livro consistindo de certas hipóteses, onde, aparentemente, como
consequência das suposições feitas, que o universo é muitas vezes maior que o
'universo' mencionado acima. Suas hipóteses são que as estelas fixas e o Sol
permanecem imóveis, que a Terra gira em torno do Sol na circunferência de um
círculo, com o Sol no meio da órbita, e que a esfera de estrelas fixas, situada
com o centro no mesmo do Sol, é tão grande que o círculo em que ele supõe a
Terra se move tem uma proporção ao centro das estrelas fixas como o centro
da esfera a sua superfície.[6]
Aristarco, portanto, acreditava que as estrelas estavam muito distantes,
e via isto como a razão pela qual não havia uma paralaxe visível, ou seja, um movimento
observável das estrelas relativas uma às outras conforme a Terra orbitava o
Sol. As estrelas estão de fato muito mais longe que a distância que era
imaginada nos tempos antigos, e é esta a razão pela qual a paralaxe estelar só
é detectável com telescópios.
Arquimedes dizia que Aristarco fez a distância
das estrelas maior, sugerindo que ele estava respondendo a objeção natural que
o heliocentrismo requer oscilações de paralaxe estelar. Aparentemente ele concordou
com este ponto, mas colocou as estrelas muito distantes para tornar o movimento
paralático invisivelmente minúsculo. Desta forma o heliocentrismo abriu o
caminho para a percepção de que o universo era muito maior que o que o
geocentrismo ensinava.[7]
Seleuco de Selêucia
Deve ser notado que Plutarco menciona os "seguidores de
Aristarco" de passagem, então é provável que houve outros astrônomos no
período clássico que também desposaram o heliocentrismo cujo trabalho está
agora perdido para nós. Entretanto, o único outro astrônomo da antiguidade que
é conhecido pelo nome que sabe-se ter apoiado o modelo heoicoêntrico de Aristarco de Samos foi
Seleuco de Selêucia, um astrônomo mesopotâmico que
viveu um século após Aristarco. Seleuco adotou o sistema heliocêntrico de
Aristarco e diz-se que ele havia provado a teoria heliocêntrica.[8] De acordo com Bartel
Leendert van der Waerden, Seleuco pode ter provado a teoria
heliocêntrica determinando as constantes de um modelo geométrico para a teoria heliocêntrica e desenvolvendo
métodos para computar posições planetárias usando este modelo. Ele pode ter
usado métodos trigonométricos primitivos que estavam disponíveis em
sua época, já que era contemporâneo de Hiparco.[9] Um fragmento de um trabalho de
Seleuco, que apoiava o modelo heliocêntrico de Aristarco no século II a.C. sobreviveu em uma tradução árabe, que
foi referido por Rhazes
Mundo Católico
Houve algumas
especulações ocasionais sobre o heliocentrismo, na Europa, antes de Nicolau
Copérnico. Na Cartago Romana, Martianus
Capella (século V) expressou a opinião que os planetas Vênus e Mercúrio não
orbitavam a Terra, mas em vez disso circulavam o Sol. Copérnico mencionou-o como uma influência de seu próprio trabalho.
Durante o final da Idade Média, o bispo Nicole Oresme discutiu a possibilidade da Terra
girar em seu eixo, enquanto o cardeal Nicolau de Cusa em seu A Douta Ignorância perguntou se havia qualquer razão para
afirmar que o Sol (ou qualquer outro ponto) era o centro do Universo. Em paralelo a uma definição mística de
Deus, Cusa escreveu que "assim o tecido do mundo (machina mundi) quasi terá
seu centro em todo lugar e a circunferência em lugar nenhum."[13]
Heliocentrismo
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