segunda-feira, 16 de julho de 2012

Religião e Sociologia

O que tem a ver a Sociologia com a religião?

Émile Durkeim (1996), um dos fundadores da sociologia, escreveu no séc. XIX:
“Diz – se que a ciência, em princípio, nega a religião. Mas a religião existe. Constitui-se num sistema de fatos dados.Em uma palavra: como poderia a ciência negar tal realidade?”
Para Durkheim, toda religião tem como característica separar o mundo em coisas profanas e coisas sagradas. Nas coisas profanas os indivíduos têm atitudes utilitárias, ou seja, objetos, ideias, e coisas que, quando não servem mais podem ser descartadas, pois só têm valor na medida em que são úteis. Nas coisas sagradas ocorre o contrário, objetos, ideias, e coisas assumem um valor superior ao dos indivíduos. O sagrado é objeto de adoração, é superior ao homem, é reverenciado. O Homem não é mais o centro do universo, nem a origem das coisas. Estas características para Durkheim, revelam que a religião, é uma das fontes na qual se criam regras de comportamento, normas e garantias de harmonia entre os homens. Ou seja, é também através dela que as sociedades se organizam, se estruturam e formam uma imagem de si mesmas. Quantas vezes, por exemplo, ouvimos dizer que quem é religioso, é também sério, honesto, cumpridor de seus deveres e obrigações? Ou seja, seguidor de regras de comportamentos que a própria sociedade cultiva.

Karl Marx (1968), analisa a importância da religião para as sociedades, de uma outra forma:
“A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação sem espiritualidade, ela é o ópio do povo”.
Para Marx, a religião não faz o homem, mas é o homem que faz a religião. A religião é a expressão de um sofrimento real dos homens, ou seja, eles têm a necessidade de acreditar em algo para aliviar seus sofrimentos, como o ópio. Por outro lado,  segundo Marx, as classes dominantes utilizam-se da religião como ideologia para dominar os oprimidos e explorados. Portanto, a religião é vista como ilusão, ideologia que contribui para justificar uma dominação de classes. Marx e os Marxistas fornecem exemplos disso: quando as igrejas afirmam que os pobres devem se conformar com sua condição de pobreza, pois o mundo foi criado por Deus assim, e assim sempre será.

Max Weber (1974) foi outro sociólogo que também estudou as religiões. Para ele, é na compreensão dos comportamentos religiosos que podemos entender melhor as atividades humanas, pois a religiosidade influencia também outras atividades humanas, pois a ética, a economia, a política ou as artes. Weber  tentou provar que houve uma mudança na concepção de trabalho a partir da ética protestante. Se na antiguidade o trabalho era visto pelos homens como uma coisa penosa e vil, na Idade Média, como fruto do pecado original e como tortura, com o aparecimento do capitalismo, combinado com a nova ética protestante, o trabalho passa a ser visto como êxito da vida mundana, expressão das bênçãos divinas, pois, assim, se cumprirá uma vocação e a garantia da graça divina. Segundo ele, essa concepção de trabalho, protestante e puritana, servirá perfeitamente para o aparecimento do capitalismo, que necessitava de trabalhadores para gerar capital e lucros para a burguesia.

Para Gramsci (1989), as religiões são poderosas forças também para mobilizar homens por um mundo melhor. Insatisfeitos com a realidade em que vivem, os indivíduos podem tentar transformar o mundo inspirados pela religiosidade.
“O Homem em geral, enquanto criado por Deus, filho de Deus, sendo por isso irmão dos outros homens, igual aos outros homens  ele pode espelhar-se em Deus, autoconsciência da humanidade.”
Esses sociólogos, demonstram a importância do estudo das religiões no sentido de compreendermos melhor nossa sociedade, pois muitas vezes, as ações dos indivíduos não são inspiradas por interesses somente econômicos ou políticos, mas também por questões religiosas.
                                   (Sociologia para jovens – Luís Oliveira e Ricardo Costa- Ed. Ao Livro Técnico)

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